segunda-feira, 10 de agosto de 2009


S.Miguel tem um desenho bastante feminino, visto do ar, maior porta de entrada.
Na sua estreita cinta, Ponta Delgada de um lado e Ribeira Grande do outro, polvilham a ilha de pequenas casas, que do alto parecem botões de hortênsias.
Num dos topos, a lagoa das setes cidades apresenta-se como o olhar da ilha, um olho de cada cor, espelhando as permanentes nuvens, entrecortadas aqui e ali, por um teimoso raio de sol que anuncia deitar-se ao fundo das águas de Mosteiros.
Do ventre emanam fumos que o centro da terra oferece, numa mesquela de cheiros e de temperaturas, medicinais, ou simplesmente misteriosas.

Em quase todos os recantos da ilha, há surpreendentes e mutantes visões do paraíso natural que incorrem em sensações díspares consoante o momento e a companhia.

Do Sol guardo o calor reflectido no mar ou o brilho ofuscante da sua imagem numa qualquer lagoa.
Das cinzentas nuvens as descargas tempestuosas e belas dos raios dos deuses que iluminam a noite mas atormentam as almas. Espectáculo único, mas repetido nos vários quadrantes.

Descendo, narro os cheiros, sulfurosos das furnas e da ribeira quente, aos floridos dos campos de chá, e intensos dos portos de pesca, ou ainda levemente doces ou brutalmente picantes das bocas de fogão das hortênsias de gente espalhada pelas ancestrais povoações, quase todas ribeirinhas.

O gosto do alho e do picante atirado aos tremoços, ou misturado no afonsino molho das cracas. O ácido do limão que banha as lapas amanteigadas. O paladar que perdura das postas de cherne grelhada no “Borda de Água”, a carne vermelha e batida que os bifes ali têm, fritados num alho bem português ou em limão galego.
O cozido do centro da terra. O picante chouriço, o estranho pé de torresmo, as morcelas que restam da matança do porco, o suco da sopa de fervedouro, ou mesmo os recheios do assado, são lembranças que me despertam sensações que só consigo descrever com os olhos fechados.

As pessoas descrevem-se em mágoas. Histórias colectivas de dramas individuais.
Mas também em abraços e solidariedade.
Assimetrias, mas que se esvaem, sob o artificio explosivo do fogo que aceita o ano novo e mata o velho, numa qualquer calçada da ilha, ou no pátio festivo de alguns.
As mesmas gentes e emoções que atiram balões de água aos carnavalescos foliões. A guerra das limas.
Ou aqueles que em meditação e silêncio percorrem o perímetro da ilha, cantando aos santos e a Deus, em cada uma das moradas que se lhes atribui, pisando os pés e o corpo como penitência.
Os mesmos que gritam nas ruas apregoando a distribuição da carne que ajuda à comemoração do espírito, que aqui é santo.
Os hospitaleiros anónimos que entopem a cidade, recebendo dos cantos do mundo, os que no Senhor Santo Cristo, procuram ou agradecem os milagres da vida e a tenacidade e esforço da distância.

Também as pessoas mudam, como as paisagens, as cores e o sentido da vida.
Mendigam migalhas e ajudas, que misturam no álcool e nas drogas na busca de visões mais límpidas das negras vidas que carregam.
Tratam as relações como puzzles cujas peças tentam encaixar ou mudar em função dos estados de espírito, ou da falta deles.
Mas esquecem as mágoas se se lhes bate á porta um folião, ou um parceiro braçal para enfrentar as intempéries da vida ou da natureza.

Deixada para trás, este feminina ilha, parece agora um cachalote, tornado souvenir em pedra vulcânica. Fica na sombra da cauda do avião. Mostra as limpidas águas das suas lagoas, furnas e fogo em destaque, refletindo ainda os nossos sorrisos contemplativos, afogando as magoas que a saudade vai produzir. O nordeste e as suas cascatas choram a nossa ida.
Em terra ecoa ainda a mensagem de despedida: "até para o ano!"

domingo, 9 de agosto de 2009

Açores Fim de viagem


Foram tres semanas para recuperar quatro anos de ausência para uns e tres para outros.
Cada sitio uma memória e deu ainda para ver sitios novos e viver situações novas.
Poços e praia do Populo, praia da Povoação e piscinas naturais de Ponta Delgada. Piscona da Caloura e pouças dos mosteiros. A pouça da Dona Beija.Sitios de banhos e mergulhos inesqueciveis. Os locais onde o Tomas perdeu medo da agua do mar, das ondas e até da areia (aqui preta).
O João e o Miguel reviram amigos e colegas de escola, e parece-me que foi bastante agradável.
O Tomas o sitio onde nasceu e viveu os seus primeiros sete meses.
Nas capelas revisitámos o Aires a Dina o Tiago e o junior (aires mais novo), Encontrámos a mi e o martinho, o andre e o Bruno. O zé Maria a Paula a filha Sofia (gravidissima). A isabel. O Cabral e a sua Paula, o Domingos e a esposa. A susaninha.Cohecemos novas gentes.
Em Vila Franca do Campo o sr Carlos e srª Ana com o filho bruno, e claro a Micaela, razão fundamental da visita.
Na povoação 4 dias de muita comida e muita festa. A Lenia o Rui e o minhote (rui mais pequeno) a Dalila e o seu Vidal. O sr Marcelinoe a d. Zélia, a marina e o Fernando e ainda o Nelson que estava de visita da américa. O sergio a Maria José, o Fábio, o serginho a sandra e o mais velho (ai o nome que se foi)e os filhos e esposa destes. A Bia e a Daniela com a silvia e o Bandarra.
Meu deus como foi bom
A Conceição fez a ana reviver a escola e os seu desafios, bem como o João guilherme, primeiro professor do Miguel, que ate lhe gravou um cd com musica dos Metálica.
Não fizemos menos do que queríamos e previamos. Foi bom mesmo bom. Houve quem sentisse problemas com a nossa visita, mas nem reparámos nisso.
A elsa o Marco e o gui, a Kika, foram amigos e suporte logistico.
Na ultima semana a namorada Joana foi a razão de visitar e viver pedaços da ilha de uma forma mais preocupada.
A todos, sem excepção ficamos gratos.
Na despedida disseram "até para o ano"...porque não?

terça-feira, 4 de agosto de 2009