domingo, 4 de março de 2007

O Silêncio.

Irrita-me o silencio do telemóvel.
Não ha nada pior que esperar que toque quando insiste em ficar mudo.
Ou talvez, quando toca sem que queira ouvir o seu som.
Nos dias de hoje este aparelho miraculoso concentra quase toda a nossa vida.
O seu silêncio pode mesmo significar que estamos a ficar mortos.
Haverá coisa pior que ligar-mos para o nosso 112, o privado, o que nos pode salvar, enão ser atendido? Uma, duas,...oito vezes?
Maldito seja o inventor deste hipotetico comunicador. Maldito pelo comando do silêncio. Maldito pela massificação do aparelho.
Mas hoje irrita-me o silêncio do telemóvel.
Irrita-me a chuva e o seu barulho ritmado.
Irritam-me as dores do corpo e as feridas da alma.
Irrito-me a mim proprio.
Vou ligar-me ao silêncio e esperar que a minha vida vibre, como se eu estivesse reunido, mesmo sabendo que só ninguem se reune.

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