terça-feira, 24 de abril de 2007

post it

Pouco tempo depois de casar, a minha mulher para abreviar as ausencias que o trabalho me impunha, resolveu empacotar-me a roupa para as viagens com uma surpresa.
Mal cheguei ao primeiro destino, atirei a roupa para o armário do hotel e fui á vidinha.
Na manhã seguinte ao desdobrar umas meias, um post it: Gosto de ti! (acho que era um deles).
Ao vestir uma das melhores camisas, outro: Vais sair! Porta-te bem! (penso eu)
E foi um rol de pequenas mensagens que a fizeram presente em cada momento de ausência.
Foi a Ana que inventou os post it's. Pelo menos os meus!
E agora, passdos 17 anos pergunto: Onde estavam os post it's dos anos seguintes?
Sem guião...perdi-me na história.
Mas lembro mais estes pequenos apontamentos do que os filmes que realizei anos depois com actores de segunda em cenários de baixo orçamento e com textos pobres, muito pobres.
Um dia fiz na rádio um programa a que chamei Post scriptum. Pequenos poemas ao fim da noite que pretendiam deixar os ouvintes preparados para um sono cheio de emoções.
Se pudesse hoje faria um programa de post it's.
"Se te sentes só, já estiveste acompanhado!"
" Se tiveste é porque já não tens!"
"Se escreves, sentes!"
"Se perdoas, pecaste!"
"Se erras, sabes o caminho!"
Etc Etc Etc...
A memória selectiva tem destas coisas.
Fui ao Porto! Está dito!

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