sábado, 4 de janeiro de 2014

Dia 4 O Diluvio


Amanheci tarde. Era já tempo de almoço e eu ainda pensava no jantar e no tiramisu.
Pior que tarde, amanheci molhado. Olhei pela janela e vi as nuvens cair, assim, todas de uma vez.

Desde miúdo que sinto admiração pelas águas. Saltam dos rios, desassossegadas e levam na frente as teimosas construções humanas, assentes nos seus percursos. Ereira. Todos os Invernos transformavam a Ereira em ilha e o rio alargava as suas margens e chegava à Figueira largo e castanho.
A rua das azeiteiras, a rua que a avó Francelina fez sua, era ribeiro e só a barreira de madeira impedia que fosse desaguar em sua casa.
Hoje tudo e mais ainda veios com a enxurrada visitar a minha memória.
(lembro também os milhões que se investiram para que nada disto voltasse a acontecer. Mas isso é política. Pior que inundação)

O Tomas foi aos Lusíadas mostrar os pulmões que tossiam, a garganta que se avermelhara e pedir que lhe baixassem o calor do corpo. Os vírus são maus. Mas o brufen e o Bem-u-ron vão matá-los a todos.

Na corrente vieram outras memórias. Estudo e aprendizagem de Media (a tal profissão que eu tenho, mas não sei explicar a ninguém) mostraram a importância e o rigor da estatística, o valor do consumo e a mania ingrata que os consumidores têm de fazer sempre o contrário do que achamos que eles deviam fazer.

Mas custa lidar com a esquizofrenia de quem acha que sabe mais, tudo e assim.

E isto tudo por causa do poeta Vinicius que inventou a ideia de que hoje é Sábado.

Sem comentários: